Questões sobre o determinismo
Suponha que Jussara roubou um mercado. Ela é uma pessoa adulta, tem suas faculdades mentais em perfeito funcionamento e faz essa ação perfeitamente consciente, sem estar sob efeito de drogas ou qualquer fator que possa impedir que seja capaz de pensar sobre seus atos.
No século XIX, várias teorias deterministas ganharam destaque, influenciando áreas tão distintas quanto a literatura, a sociologia e a biologia. O determinismo biológico, por exemplo, afirmava que a raça e o gênero de uma pessoa determinavam sua personalidade e suas capacidades. Segundo essa perspectiva, uma mulher jamais seria capaz de exercer funções políticas, pois sua natureza a privaria das habilidades necessárias para tal. No entanto, essas teorias mostraram-se claramente equivocadas.
Na tragédia grega Édipo Rei, escrita por Sófocles, Édipo, sem saber, cumpre um terrível destino predeterminado pelos deuses. Desde o nascimento, estava profetizado que ele mataria o próprio pai e se casaria com a mãe. Apesar de todas as tentativas de seus pais e dele próprio para evitar que a profecia se cumprisse, todos os esforços foram inúteis. No final, Édipo mata seu pai, Laio, e casa-se com sua mãe, Jocasta, sem jamais suspeitar de suas verdadeiras identidades. Quando descobre a verdade, Édipo entra em desespero e se cega, cumprindo assim o destino inevitável que lhe foi imposto.
Considere o diálogo abaixo:
Aristófanes — Penso que nossas ações são determinadas e não temos realmente escolha. Iremos fazer aquilo que for determinado por uma série de causas, biológicas, econômicas e sociais etc.
Xenófanes — Não tenho como concordar com essa afirmação. Há uma série de fatos que mostram que as pessoas são livres. Por exemplo, conheço pessoas que nasceram em famílias pobres e violentas, mas nem por isso seguiram o mesmo caminho.